O Tipo de Amor de Boa Sorte...
Esqueçam tudo que você já leu ou assistiu sobre o amor. Não para sempre,
mas pelo menos por 90 minutos. Eu esqueci de Shakespeare por mais do que
somente os 90 minutos, então esqueçam, foquem em “Boa Sorte” no dia 20 de
novembro e depois lembrem de tudo que você já leu e assistiu sobre o amor,
incluindo o “Boa Sorte” e depois me digam o tipo de amor que você quer.
Boa Sorte passa longe de ser aquele filme clichê de todo mundo ama, onde
a garota está doente, mas se apaixona por um garoto que não está, no final ela
morre e são lágrimas, lágrimas e mais lágrimas.
Judite sabia que ela ia morrer, mas saber que vai morrer e querer morrer
são duas coisas bem diferentes, só que ela sabia que tinha vivido, poderia não
ser do jeito que manda a vida, com toda aquela história de “viva desse jeito
que você vai viver 200 anos”, não. Só que ninguém sabe exatamente quanto tempo
tem de vida, você pode estar doente e viver mais do que uma pessoa saudável, é
só questão dos caminhos que você escolhe. Mesmo por que existem pessoas que
podem ter uma passagem muito rápida na vida, mas isso não impede que ela faça a
diferença na vida de alguém.
Judite fez...
Não somente na vida do João, mas acredito que na vida de todos que se
entregaram e vão se entregar a história do filme. Na minha vida pelo menos
fez...
Judite é um personagem diferente de tudo que eu já vi. Nos filmes, nas
séries e até nos livros eu nunca vi nada igual. Na realidade nem eu cheguei a
escrever nada perto do que é a Judite.
Ela falando era como se eu estivesse lendo uma poesia. Independente com
quem fosse o diálogo. Era tudo tão poético, tão lindo, tão pra sentar e pensar
na vida, se situar na vida, que eu queria escrever palavra por palavra e salvar
o arquivo junto com o meu arquivo de narrações de Grey’s Anatomy, pois minha
memória é péssima e eu nunca lembro nada, então preciso disso e ainda vou fazer, podem ter certeza.
O amor de João era intenso e foi um personagem surpresa para a minha
vida. Não é a toa que ele e Judite se apaixonaram. De uma forma “Boa Sorte” de
ser, eles se completavam. Mesmo ele sendo alguém de poucas palavras (pelo menos
no começo) e deslumbrado com tudo que Judite dizia ou fazia, cena por cena ia
dando liga para que a gente se importasse cada vez mais com os dois e ás vezes
até fantasiar mesmo com eles casando e tendo filhos. Em um universo paralelo, talvez...
Fica até difícil escolher uma única cena favorita do filme, porque ele é
tipo aquela sua música favorita, que por mais que você tente, não consegue
escolher um único trecho. Mas se vale de alguma coisa, eu fico com a conversa
sobre invisibilidade (citou Fanta Uva ganha todo meu coração), a dança no
corredor (por que a vida já é puxada por si só e entre gritar e dançar para
extravasar, eu fico com a segunda opção) e por último a cena deles cantando em
cima da árvore (todo mundo merece ter uma música).
Aplaudo e aplaudo de pé o texto, a direção e todo o elenco do filme, em
especial a Deborah Secco que a cada trabalho que passa surpreende mais e mais
com toda sua forma única de se entregar para cada papel, que ás vezes fazia até eu
me questionar se era ela ali mesmo, não por não acreditar que ela podia fazer algo do tipo, pois sei que ela pode fazer tudo o que quiser, mas sim porque a Judite parecia ser real e também ao João Pedro Zappa, que esse seja o primeiro trabalho dele que acompanho, é alguém que vai ter muito futuro.
Boa Sorte não é para quem gosta de romance água com açúcar. Boa sorte
não é pra quem gosta de comédia. Boa sorte não é pra quem gosta de ação. Boa
sorte não é pra quem gosta de clichê. Boa sorte é pra quem é humano e ainda
acredita que tem muito o que aprender na vida, muito o que viver e se por acaso,
mesmo que você goste de algum gênero específico citado e seja humano que tem
muito o que aprender com a vida, Boa sorte é para você, assim como foi para
mim.
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